Se confrontarmos as duas concepções de escrita do texto literário do século XIX, constatamos que: no romantismo, sendo expressão da subjetividade do autor, todo texto é manifestação da liberdade intrínseca ao ato criador; posteriormente, sob a influência do positivismo e do cientificismo triunfantes na segunda metade do século XIX, podemos observar uma mutação no entendimento do processo de produção da obra literária, a qual pode ser resumida nos seguintes termos:
a gênese da obra literária deve ser procurada nos acontecimentos que integram a vida do autor, pois lá se encontram as motivações profundas dos sentidos do texto literário.
a obra de arte literária é expressão da demanda que move o sujeito; apesar dessa demanda ser essencialmente um processo inconsciente, é ela que responde pela forma e pelo conteúdo do texto.
a forma e o tema da obra literária definem-se pelas influências sofridas pelo escritor ao produzi-la; por conseguinte, qualquer explicação sobre o texto literário deve partir da investigação de suas fontes.
a gênese da obra literária deve ser buscada na visão de mundo do autor, impregnada em boa parte, mas não exclusivamente, pela visão de mundo da sociedade de sua época.
partindo do princípio de que o mundo é regido por leis naturais inelutáveis, universais e eternas, as quais governam inclusive a existência humana, não há mais margem para a liberdade e o texto torna-se um produto de forças extraliterárias.
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