Concomitante às atividades comerciais das feiras, deu-se a ampliação das cidades, e muitos camponeses viam nelas uma oportunidade de libertação de suas obrigações para com seus senhores feudais. Logo, houve um processo de êxodo rural no qual essa camada da sociedade apinhava as cidades de modo a comprar sua liberdade após um ano de estadia.

Os burgueses passaram a exercer uma pequena influência política no interior das cidades, buscando atender à crescente demanda econômica em uma árdua disputa com a Igreja pelo controle da escolha de funcionários para cargos públicos, uma vez que esta os condenava pela prática da usura e pela obtenção de lucros com as guildas comerciais.

Inicialmente, a relação entre os senhores feudais (classes de mercadores) e os burgueses foi de mútuo benefício: enquanto os senhores feudais ofereciam aos burgueses alguns privilégios para comercializar no feudo/cidade sob seu domínio, proteção em caso de furtos e impostos mais brandos ou até nulos, as feiras dos burgueses rendiam muito para os senhores feudais.

O poder de barganha de grandes famílias de banqueiros aumentou significativamente com o tempo, à medida em que iam assumindo os postos de grupos cada vez mais influentes e ricos do período. Estas quitavam as dívidas que contraíram junto a reis, condes e senhores feudais mediante financiamentos, minando pouco a pouco o seu prestígio político.

O valor da moeda passou a ser muito maior do que o da posse de terra, pois o dinheiro agora permeava mais do que antes as relações sociais. Logo, os senhores feudais acharam-se obrigados a vender parte de suas terras aos burgueses, sob a condição de que os novos proprietários não as revendessem, o que limitava o seu livre uso da terra.