Pierre Vilar, ao explicitar a associação entre política e história nos textos de Marx, revela a principal característica da contribuição deste autor para a historiografia: o estudo detalhado da conjuntura para enfatizar o papel da estabilidade social.

A expressão “pensar politicamente exato é pensar exato historicamente” indica que o pensamento de Marx separa sua análise histórica da militância política, perseguindo um distanciamento acadêmico diante do conflituoso contexto europeu no século XIX.

Já o trecho “com o único desejo de estabelecer, não certezas, mas conjuntos de probabilidades que sejam, como se diz ‘operacionais’”, remete ao princípio básico da compreensão de Marx, que pensa as leis do desenvolvimento para projetar as tendências estruturantes da organização sócio-histórica.

A concepção marxista da história preconiza que as mudanças do social ocorrem em um cenário estático, reforçando uma compreensão da sociedade pautada por equilíbrios permanentes e caracterizada pela ausência de flutuações cíclicas em relação ao nível da produção econômica.

Ao contrário da análise restritiva dos acontecimentos na conjuntura política realizada na obra O Capital, o livro O 18 Brumário de Luís Bonaparte é considerado uma incursão crítica de Marx pela história da economia capitalista mundial.