Os formalistas russos conceituam a ambiguidade como “termo que traduz a ocorrência de mais do que um sentido em palavras, frases, proposições ou textos”. Temos um exemplo dessa manifestação da linguagem.
Matar não quer dizer a gente pegar revólver de Buck Jones e fazer bum! Não é isso. A gente mata no coração. Vai deixando de querer bem. E um dia a pessoa morreu. (Meu pé de laranja lima – José Mauro de Vasconcelos)
Assim, os que produzem obras geniais não são aqueles que vivem no meio mais delicado, que têm a conversação mais brilhante, a cultura mais extensa, mas os que tiveram o poder, deixando subitamente de viver para si mesmos, de tornar a sua personalidade igual a um espelho, de tal modo que a sua vida aí se reflete, por mais medíocre que aliás pudesse ser mundanamente e até, em certo sentido, intelectualmente falando, pois o gênio consiste no poder refletor e não na qualidade intrínseca do espetáculo refletido. (Em busca do tempo perdido – Marcel Proust)
Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar com o dedo. (Cem anos de Solidão – Gabriela Garcia Marquez)
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