Qualquer jornalista que não seja demasiado obtuso ou cheio de si para reconhecer o que está acontecendo sabe que o que faz é moralmente indefensável. Ele é uma espécie de confidente que se nutre da vaidade, da ignorância ou da solidão das pessoas. Tal como uma viúva confiante, que acorda um belo dia e descobre que aquele rapaz encantador e todas as suas economias sumiram, o individuo que consente em ser tema de um escrito não ficcional aprende – quando o artigo ou livro aparece – a sua própria dura lição. Os jornalistas justificam a própria traição de diferentes maneiras, de acordo com o temperamento e o estilo de cada um. Os mais pomposos falam de liberdade de expressão e de ‘direito de o público saber’; os menos talentosos falam sobre a Arte; os mais decentes murmuram algo sobre ganhar a vida. Este é o trecho inicial do livro O jornalista e o assassino, de Janet Malcolm, sobre o caso de um repórter que, para conseguir informações sobre um caso de assassinato, conquistou a confiança do acusado. O episódio se tornou clássico na reflexão acerca da ética jornalística. Sobre esse assunto, pode-se afirmar que, numa instituição pública, como a Fiocruz, o jornalista deve:
Comentários
Ainda não há comentários para esta questão.
Seja o primeiro a comentar!