Se partirmos da premissa que o fotojornalismo pode ser definido como uma descrição dos eventos e das condições sociais e culturais das civilizações a eles ligadas, que opções podemos considerar verdadeiras?
A fotografia não é uma linguagem adequada a descrever condições sócio-culturais com precisão e isenção, pois sua mensagem pode se desdobrar em inúmeras interpretações, algumas até mesmo contraditórias.
A fotografia, por mais que aumente a área que ocupa no jornal, continuará sempre como um complemento do texto, considerando que ela passou a fazer parte do jornalismo décadas depois do advento do jornal.
A fotografia, por ser uma mensagem simultânea que nos é apresentada toda de uma só vez, opõe-se à cronologia e linearidade do texto podendo, no máximo, somar a informação que trás consigo àquela oriunda do texto, mas nunca interagir com ele tão profundamente a ponto de fundar um novo jornalismo.
A fotografia jornalística atual esforça-se para nos mostrar ou nos fazer deduzir aspectos sócio-culturais de todo tipo como, por exemplo, expor o equipamento policial em contraste com as precárias armas de um grupo de 'sem terras', mostrar não apenas quem deu o depoimento, mas de que forma o fez, em função de suas expressões e gestos ou a agonia profunda de quem acaba de perder tudo num desabamento. Assim sendo pode-se dizer que este relativamente novo enfoque da fotografia jornalística não apenas soma-se à informação escrita, mas funda um novo jornalismo muito mais profundo e abrangente.
Esta definição se aplica ao jornalismo escrito, pois descrever todos os aspectos sociais e culturais do segmento da civilização que contextualiza um evento, seria como tentar descrever imagens nos seus mínimos detalhes, o que demandaria uma enorme quantidade de texto que está adequado ao propósito e ao espaço do jornal.
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