Entre as pré-condições da melancolia deve ser considerada a ambivalência entre sentimentos opostos de amor e ódio nas relações amorosas, resultantes de vivências de desconsideração, desapontamento ou desprezo experimentado pelo paciente.

Na melancolia assim como na neurose obsessiva, o luto pode se apresentar como uma reação à perda real de um objeto amado, mas, em ambas, a predisposição para o surgimento da ambivalência confere ao luto um cunho patológico.

A autopunição ou a autotortura na melancolia, assim como na neurose obsessiva, significa uma satisfação das tendências de sadismo e do ódio relacionadas ao objeto perdido, as quais embora retornadas ao próprio eu encontrem por essa via – a da doença – um modo indireto de vingar-se do objeto srcinal.

A característica mais notável da melancolia é a tendência a se transformar em mania, cujas manifestações sintomáticas lhe são completamente opostas, mas que contêm um elemento fundamental em comum em sua formação: em ambas as desordens, o ego sucumbe à perda do objeto, impossibilitando novas catexias.

No contexto regressivo da escolha objetal narcisista, a tendência ao suicídio, tão relevante na melancolia, pode se concretizar se o ego tratar a si próprio como um objeto, isto é, se no retorno da catexia objetal ao ego, este dirigir a si mesmo a hostilidade dirigida ao objeto do mundo externo que o dominou.