Do ponto de vista da psicologia crítica, sócio-histórica, a dicotomia Indivíduo X Grupo ou Indivíduo X Sociedade é falsa, pois o homem não sobrevive isolado e só se constitui em relação com outros homens, inserido entre eles. A análise do processo grupal, nesta perspectiva, permite captar a dialética indivíduo-sociedade.

A diferença fundamental entre estes dois modelos epistemológicos em Psicologia reside no fato de que enquanto para a psicologia tradicional o homem é determinado por sua biologia e pelo meio, na psicologia crítica o homem não é determinado por nada exterior a si, mas sim determina o seu meio e mesmo pode determinar sua própria biologia, a partir dos desenvolvimentos recentes da engenharia genética.

Em termos de proposições teórico-metodológicas a psicologia tradicional, que assenta-se sobre o positivismo, entende que os fenômenos humanos e sociais, incluindo os fenômenos psicológicos, são regulados por leis naturais que independem da ação humana; para a psicologia crítica, que sustenta-se sobre o materialismo histórico e dialético, os fenômenos psicológicos só podem ser compreendidos a partir das “tramas sociais” que o engendram, isto é, a partir da própria concretude (histórica, social, cultural) de uma determinada sociedade.

Em termos de concepção e metodologia de pesquisa, a psicologia tradicional entende-se neutra, e que deve conhecer e controlar todas as variáveis ou contingências que interferem na produção de um dado comportamento ou fenômeno social; a psicologia crítica, por outro lado, considera que a pesquisa deve ser um ato político e que o pesquisador não pode se colocar como um observador neutro.