Leia os dois fragmentos a seguir: Fragmento 1 “– Ó glória de mandar, ó vã cobiça Dessa vaidade a quem chamamos Fama! Ó fraudulento gosto, que se atiça Co'uma aura popular que honra se chama!” Os versos acima, de Os Lusíadas, introduzem a fala do "Velho do Restelo" quando a esquadra de Vasco da Gama partia para as Índias. Fragmento 2 “(...) e então uma grande voz se levanta, é um labrego de tanta idade já que não o quiseram, e grita subido a um valado, que é púlpito de rústicos, ó glória de mandar, ó vã cobiça, ó rei infame, ó pátria sem justiça, e tendo assim clamado, veio dar-lhe quadrilheiro uma cacetada na cabeça, que ali mesmo o deixou por morto.” O fragmento acima foi transcrito de Memorial do convento, de José Saramago. Se compararmos os dois fragmentos, teremos um exemplo de uma tendência marcante da ficção contemporânea, revelada...

A
no aproveitamento ficcional de episódio histórico relatado por voz onisciente, como modo não só de apresentar narrativa em tom elevado, mas também de oferecer uma releitura fidedigna do passado.
B
na utilização do fluxo de consciência, como expediente que garante ao escritor o desvendamento da interioridade das personagens, interesse maior da narrativa que despreza o relato episódico.
C
na intertextualidade como manifestação formal, tanto do desejo de reduzir a distância entre o passado aludido e o presente do leitor, como também do desejo de reescrever o passado dentro de um novo contexto.
D
no aproveitamento ficcional de episódio histórico sob perspectiva nostálgica, com a consciência de que o culto à memória propicia a preservação dos valores autênticos que fundaram uma pátria heróica.
E
na intertextualidade como meio de legitimar o discurso do presente, na medida em que a credibilidade do novo texto depende da confirmação do modo de ver o mundo instituído pela tradição.

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