Leia o texto a seguir: Saio de casa no Capão Redondo [na zona sul de São Paulo] umas 9h, e só volto lá pela meia noite’, conta Gabriel Fagundes Guimarães, 23, enquanto tenta ajustar o freio dianteiro quebrado de sua bicicleta. As 15 horas trabalhadas diariamente parecem pouco quando chega o final de semana. ‘De sábado pra domingo já cansei de emendar direto [fazer mais de 24 horas seguidas de entregas]. Aí nem durmo. Tem uns que dormem na praça, mas prefiro ficar ligado’. É hora do almoço, um dos horários de rush para os entregadores de aplicativo como Guimarães — o outro é o do jantar —, e o app toca interrompendo a conversa com a reportagem. Ele se despede e sai pedalando rumo a um restaurante no bairro de Pinheiros, zona oeste de São Paulo. Sem o freio dianteiro, perdido quando ele bateu na traseira de um carro. Trabalhar de segunda a domingo sem contrato, em jornadas que podem chegar a mais de 24 horas seguidas, se arriscando entre carros e ônibus, sem garantias ou proteções legais e muitas vezes por menos de um salário mínimo. E mais: em um emprego realizado até por menores de 18 anos. Este cenário — que deixaria de cabelo em pé qualquer fiscal do Trabalho — é o cotidiano de milhares de jovens como Guimarães, que trabalham de bicicleta como entregadores de aplicativos. Com a mochila térmica nas costas eles cruzam a cidade vindos, em sua maioria, das periferias da capital rumo aos principais centros comerciais da cidade.
Considerando as informações apresentadas, assinale a opção correta.
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